(As Leis de Manu, capítulo 5, versículo 156-161, Dharamshastras)
É, ser viúva na Índia, como diria dona Jura, "né biscoito não"! Mas já foi bem pior, quando a tradição determinava que elas fossem queimadas na pira funerária, junto com a cara-metade. A placa que você vê na foto estáno Forte Mehrangarh, em Jodhpur, no Rajastão, e representa as mãos das muitas viúvas do marajá Singh, sacrificadas quando de sua morte.
O ritual se chama Sati e, esporadicamente, ainda é praticado em algumas regiões mais tradicionais, ainda que esteja proibido por lei.
Ele tem origem no sacrifício de Sati, a primeira esposa do deus Shiva, que se matou, numa demonstração de fidelidade ao amado que estava sendo humilhado.
Ainda que a prática do sati tenha caído em desuso, a sorte das viúvas indianas ainda é trágica o suficiente. Entende-se que elas não trouxeram sorte para a família, uma vez que os maridos morreram. Encontrei recentemente, no livro de uma indiana, a afirmação de que, na Índia, a viúva é um tabu tão forte quanto a necrofilia. Isso porque, segundo a tradição, a mulher é percebida como uma extensão do marido.
Logo que se torna viúva, ali mesmo, diante do falecido, todos os símbolos do casamento lhe são arrancados: quebram suas pulseiras, tiram de seus cabelos a risca vermelha que identifica a mulher casada. Devem vestir-se de branco para o resto da vida e, se muito tradicionais, trazer a cabeça raspada.
Tornam-se um peso para as famílias do marido, uma boca a mais para alimentar, um corpo a mais para vestir. Sem meio de sustento próprio, é comum que se livrem delas, mandando-as para abrigos de viúvas -existem muitos deles em Varanase.
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